Blackface é RACISMO

O blackface, que em tradução livre pode ser entendido como “rosto de preto”, começou a ser utilizado por artistas brancos para interpretar pessoas negras, que eram proibidas de atuar no teatro, de forma caricata e exagerada. Não existe nada de engraçado ou elogioso no blackface, uma vez que tanto a interdição de artistas negras e negros quanto a representação estereotipada de pessoas negras são atos de racismo.

Todas as vezes que criticamos, denunciamos e reagimos contra o blackface, há quem se pronuncie para dizer que “não houve intenção de ofender”. Cara irmandade preta, atenção: é muito confortável para a branquitude se fantasiar de gente preta quando não sente, literalmente na pele, o peso da negritude. Transformar nossas vidas em um espetáculo ridículo como os shows de menestréis do século XIX, onde o blackface se originou, ou a Nega Maluca e tantas outras vertentes da hipersexualização, objetificação e misoginia racista que nós negras sofremos transcende qualquer “intenção de ofender”.

O conceito de privilégio parece não entrar na cabeça da gente branca de jeito nenhum, por mais didáticos que sejamos. Mas nós precisamos nos fortalecer contra o racismo e jamais defender qualquer prática racista. O racismo não afeta indivíduos isolados, mas destrói as raízes de toda a negritude. O LetrasPretas repudia todos os casos de blackface passados e presentes, independentemente de onde tenham ocorrido.

Não precisamos de caricaturas de nós, muito menos de “homenagens” de pessoas que silenciam nossas vozes e chamam de mimimi e vitimismo nossas críticas, pisando nas pautas antiracistas que dizem homenagear. Precisamos retomar as nossas próprias referências, apropriadas e saqueadas pela branquitude ao longo dos séculos. Precisamos de respeito com a nossa vivência, que vai além de qualquer estereótipo associado à nossa cor. Precisamos de uma Universidade que puna atos racistas e colegas de curso que não passem pano pra racista em hipótese alguma.