Gleise Sátiro. O Recomeço. São Paulo: Grupo Editorial Selo Jovem, 2017.
Lívia é uma engenheira química que leva uma vida bem pacata – até demais –, fã de heróis, mais especificamente o Flash, devoradora de livros e apaixonada por comida. Sua vida muda de rumo quando ela acha um cachorrinho abandonado na rua e decide abrigá-lo. Ao levar o cachorro à clínica veterinária, Lívia conhece Carlos, o veterinário, e de início já bate um clima entre os dois; mas as coisas começam a ficar significativas quando eles se esbaram fora da clínica e Carlos a chama para jantar, com a desculpa de que é novo no local. A partir desse evento, Lívia e Carlos acabam se tornando amigos, e dessa amizade começa a surgir um interesse amoroso. Contudo, como nem tudo são rosas em um romance, Lívia tem que acertar algumas coisas do seu passado, que voltam com mais força do que ela pode imaginar. Frequentemente, ela tem sonhos com um antigo amigo de infância que tinha ido embora há muitos anos, mas que tinha deixado uma grande tristeza em seu coração. O que Lívia não pode imaginar é que seu passado está cada vez mais próximo, e que isso pode provocar uma reviravolta em seu novo relacionamento.
O Recomeço é um livro muito divertido de se ler. Lívia é uma personagem muito identificável em diversos aspectos; seja pelo jeito meio nerd ou por sempre se mostrar uma mulher forte e decidida, ela é uma personagem muito humana, muito próxima do real, muito semelhante a uma amiga ou a nós mesmas. Lívia não segue o padrão estético que tanto nos é imposto; pelo contrário: ela ama suas curvas, algo que é realmente significativo nos dias de hoje, quando convivemos com a imposição de um “padrão ideal” pela mídia. Ler sobre uma mulher formada, bem-sucedida, que ama seu corpo e não vê problema algum nele é muito gratificante e inspirador. Entretanto, ainda faltava um toque de romance em sua vida, e é exatamente aí que entra Carlos – o possível “detentor” da chave do coração de Lívia; era nesse ponto que eu queria chegar. O relacionamento dos personagens principais se desenvolve de maneira muito divertida, mas um tanto quanto rápida – uma paixão meio instantânea, o que pode ser justificado pelo final da história, mas que não justifica o fato de que esse recente relacionamento em alguns momentos se mostra bem possessivo, de ambas as partes. Dando um equilíbrio a todo esse lado romântico do enredo existe uma linda relação entre a protagonista e sua melhor amiga Babi, mostrando a existência de uma amizade feminina sólida e verdadeira.
Gleise Sátiro foi muito assertiva quanto ao tema, e o desenvolveu de uma forma capaz de te prender às páginas. A empatia com a personagem principal é inevitável; ela conduz a história de forma irreverente, tornando impossível conter as risadas. É um livro que traz lições sobre independência, amor-próprio, amizade e superação de traumas passados. É aquele tipo de romance que te traz um “calorzinho” ao coração.
“Hoje eu percebo que a vida é feita de sentimentos, sentimentos esses que cultivamos em nossos corações […] As pessoas vêm e vão. Conhecemos pessoas novas todos os dias, algumas apenas por uns minutos, outras por alguns dias e tem aquelas raras que ficam por toda a vida ao nosso lado.”
Sobre a autora convidada
Cinthia Martiniano é graduanda em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
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