
Minha vida acadêmica começou em 2019, quando decidi cursar Letras, habilitação Português/Grego. Essa foi a melhor escolha que fiz: estar na UERJ com 17 anos foi algo grandioso, e é muito bom olhar para trás e ver que tive tantos professores que me apoiaram nessa caminhada; mas agradeço, principalmente, a mim, que tive maturidade suficiente para escolher o caminho certo. Não sei que vida eu teria, se não escolhesse a faculdade.
As lutas são muitas. Ser negra é ter que fazer melhor que o melhor, sempre escutei isso; realmente, é preciso ser melhor que o melhor dentro da faculdade. E é com muito orgulho que estou no 7⁰ período e pensando no mestrado em grego; é incrível olhar e pensar: “olha, já cheguei até aqui e vou mais longe ainda”. Muitas pessoas me perguntam: por que grego? Eu escolhi grego porque gosto muito de mitos e também por conta da Filosofia, matéria super importante que tive no ensino médio. E eu tenho muita sorte por fazer parte desse curso, com professoras ótimas que me incentivam a buscar cada vez mais. Aprendi muito; isso me dá vontade de ensinar, uma coisa na qual eu não pensava muito no início na faculdade – eu queria só o bacharelado, trabalhar em editora e nada mais.
A vida acadêmica é cheia de altos e baixos. Quando eu estava no 4⁰ período, pensei em desistir: era época de pandemia, não tinha me adaptado às aulas online. Pensei em largar a faculdade, foi uma época difícil; eu não conseguia pegar muitas matérias, eu me cobrava ainda mais, minhas notas caíram e tive que correr muito atrás do tempo perdido para conquistar boas notas.
Neste semestre, tive uma matéria chamada “Práticas de Leitura e Interpretação de textos da Dramaturgia Grega” que mudou meus pensamentos sobre largar a Licenciatura. Tive que planejar uma aula, e isso foi uma experiência única, transformadora, que me fez perceber ainda mais que eu queria fazer o mesmo que minha professoras fazem por mim. Não há muitas professoras de grego negras; isso me faz querer buscar ainda mais para mostrar que podemos fazer tudo, para dar impulso para as mulheres negras.
Estar no penúltimo período sendo uma mulher negra é um grande ganho.
Não é fácil existir e resistir em um ambiente que não foi planejado para mulheres negras… mas que mesmo assim possamos seguir em frente!
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